SIMÃO DE CIRENE

Assunto: Discriminação; Ajuda; Ajudar; Socorrer alguém

SIMÃO DE CIRENE - Lucas 23:26

Vamos falar hoje sobre ajudar uma pessoa. Certamente alguém em seu caminho, um dia, lhe pediu alguma forma de ajuda; por exemplo: Dinheiro emprestado, fazer um favor, levar ou carregar alguma coisa, pedido de uma informação. Nós também já precisamos e pedimos alguma ajuda durante nossa vida, diariamente. Algumas situações são ações voluntárias, nós ou outra pessoa observa a necessidade de alguém e prontamente se coloca a disposição para ajudá-la. Outras situações não é bem assim; pessoas chegam até você e pedem determinada ajuda para outros; são pedidos feitos por terceiros, como por exemplo ação entre amigos.

A Prisão de Jesus é um evento central relatado nos evangelhos canônicos que antecede à crucificação. Foi em uma quinta feira, por volta das 23 horas que Jesus foi preso pelos guardas do Templo por ordens do Sinédrio no Getsêmani, logo após a Última Ceia. No Getsêmani Jesus suou sangue (Lc 22.39-44), causada por profundo stress, normalmente acompanhada por dores fortíssimas e desidratação. Na sexta feira, pela manhã, logo que foi condenado pelo Sinédrio, Jesus foi esmurrado, estava profundamente desidratado e exausto por não dormir. Jesus foi levado ao Pretório da Fortaleza Antônia, o centro de governo do Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos (Mc 14.65). Pilatos não encontrando em Jesus erro algum, envia-o a Herodes Antipas; porém, Herodes depois de escarnecer de Jesus, manda-o de volta para Pilatos (Lc. 23:11-15). Depois, os soldados do governador, conduzindo Jesus ao Pretório, reuniram em torno dele toda a corte. Despindo-o, vestiram-lhe um manto carmesim. Em seguida tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e uma cana na mão direita; e ajoelhando-se diante dele, escarneciam-no, dizendo: Salve, Rei dos Judeus! (Mc 15.16-20). Foi açoitado, possivelmente 40 vezes menos uma (Dt 25.3), com um chicote com tiras de couro carregadas com pedaços de chumbo e ossos na ponta, causando feridas profundas em suas costas, como dito pelo salmista: Passaram o arado em minhas costas e fizeram longos sulcos (Sl 129.3 - NVI). Percorreu o trajeto até o Gólgota a pé carregando a sua própria cruz de aproximadamente 40 quilos por cerca de 800 metros (Jo 19.17).

A cruz, tornou-se muito pesada para quem já estava flagelado. Jesus não aguentando o peso da cruz caiu nas pedras; foi quando o imponderável aconteceu, um homem estrangeiro, da cidade de Cirene, foi constrangido pelos soldados romanos a carregar a cruz de Jesus (Mc 15.21).

Vamos falar exatamente desse personagem, chamado de Simão, o Cireneu.

De acordo com os evangelistas Marcos e Lucas, Simão era oriundo de Cirene nome de uma região do Norte de África que hoje se situa na Líbia; Estes dois evangelistas afirmam que Simão "passava, vindo do campo" (Marcos 15:21; Lucas 23:26), o que pode significar que ele vinha naquele instante diretamente de Cirene para a celebração da Páscoa judaica (em Cirene existia uma importante comunidade judaica) ou talvez vinha da área rural de Jerusalém (Atos 2:10; 6:9). Simão de Cirene é representado como um negro, devido à identificação deste com "Simão que tinha por sobrenome Niger" (em latim: Niger - "negro") de Atos 13:1. O Evangelho de Marcos afirma que Simão era pai de Alexandre e Rufo; segundo Romanos 16:13, o Apóstolo Paulo cita um certo Rufo e sua mãe; provavelmente Simão passou a crer em Jesus Cristo após esse encontro com Jesus.

O constrangimento de carregar a cruz imposto pelos soldados romanos, faz surgir um paralelo entre esse Simão de Cirene e Simão Pedro. Simão Pedro que teria se vangloriado que seguiria Jesus até sua morte (Lucas 22:33), na verdade o negou, abandonando-o no momento em que Jesus mais precisava de um amigo; enquanto um anônimo Simão, foi obrigado a fazer algo que não era de sua obrigação, carregar a cruz de Jesus. Quando você não cumpre suas obrigações; pode ter certeza que alguém terá que fazê-lo. Outro fator muito importante para Simão de Cirene era ter que tocar em algo "impuro" para os judeus durante o período da festa religiosa, em sangue e ainda mais de um condenado e maldito (Dt. 21:22, 23 e Gl. 3:13).

Jesus o filho de Deus e o filho do homem.

Como Filho de Deus, Jesus estava cumprindo sua missão de remir os pecados dos homens, indo até a morte de cruz (Is. 53:2-8). Mas como homem debilitado e enfraquecido, a cruz de 40 kg tornou-se muito pesada ao longo dos 800 metros em que era arrastada. Jesus caiu; quando o soldado romano constrangeu Simão Cirineu a carregar a cruz de Jesus. Jesus poderia ter recusado essa ajuda; talvez afirmando: "Não me ajudem, sou Filho de Deus; ou então deixe-me, eu aguento". Afinal, Jesus era Deus e poderia ter agido como tal. Porém, atitude de Jesus foi de resignação como está escrito em Isaias 53:7 - "Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca".

Acontecimentos em Jerusalém.

Era Páscoa e Simão estava na cidade de Jerusalém para participar das cerimônias anuais no templo: a festa dos Tabernáculos, Páscoa e Pentecostes.

Nessa ocasião, os judeus vestiam linho branco para participarem do sacrifício do cordeiro pascal. Se houvesse qualquer mancha na veste, eram impedidos de entrar no templo e de participarem da cerimônia. 

Dentro do templo, havia um altar com cerca de 2,80 metros de altura todo feito em pedra inteira, sem corte ou trabalhada, após o sacerdote sacrificar o cordeiro, ele o pegava pelas pernas traseiras e com movimentos no sentido horário, girava sete vezes em torno do altar deixando o sangue cair e escorrer pelo altar. Quando o sangue já havia caído, o sacerdote pegava uma planta chamada hissopo (tipo esponja), passava sobre o sangue e depois sacudia (aspergia) sobre os homens que estavam presentes para que recebessem ao menos uma gotinha do sangue do cordeiro na veste de linho branco. Quando isso acontecia, a veste passava a ser um troféu para a vida do judeu que viajava quilômetros para receber uma gotinha que fosse daquele sangue. Segundo a lei, o sangue do cordeiro purificava o homem de seus pecados. 

Simão era um desses judeus que havia saído do campo, fora dos limites da cidade, para ir ao templo receber as gotas do sangue do cordeiro pascal. Imagino que não andava vestido de linho branco pela cidade para não sujar a veste e ser proibido de entrar no templo, mas deveria guardá-la em alguma bolsa para vestir minutos antes da cerimônia começar. Simão ia a passos seguros em seu caminho quando é interceptado por soldados romanos que "o constrangem" a levar a cruz de Jesus: "- Ei, você ai, ajude-o a carregar a cruz porque ele está muito cansado e precisamos enxugar um pouco o sangue que escorre de sua face e de todo seu corpo". Simão olha bem para Jesus e apesar da face desfigurada pelas agressões, percebe ternura e mansidão em seu olhar. Simão não cogita dizer "não", mas prontamente se inclina, e encostando no corpo de Jesus ensanguentado carrega com Ele a cruz. Simão Cirineu, cujo objetivo era participar da cerimônia no templo de Jerusalém, para receber uma gotinha de sangue do cordeiro pascal; agora estava ali, juntinho do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo através de seu sacrifício em favor da humanidade (Jo. 1:29). O sangue precioso do Filho de Deus, derramado no centro da terra (que é Jerusalém), para curar toda a humanidade; também escorria sobre a pele negra de Simão, o Cirineu. A Bíblia não diz quantos minutos durou essa caminhada de Simão junto com Jesus, mas podemos imaginar que Jesus tenha dito a Simão: 

"Não temas; hoje você não recebeu apenas uma gota do sangue do cordeiro; mas, recebeu a vida do Cordeiro em si mesmo. Pois, Eu Sou o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, crê Simão e serás salvo". 

Simão Cirineu era um estrangeiro em Jerusalém, um dentre os muitos que circulavam pelas ruas naquele dia. Mas, Jesus olhando para dentro do coração de Cirineu viu no meio daquela religiosidade a sinceridade, o desejo de alguém querendo servir a Deus.

Podemos ser chamados por Deus de várias maneiras; pode ser através da alegria, da dor, da indiferença, do medo, da necessidade e até pela imposição ou constrangimento; como foi o caso de Simão. Jesus quer mudar sua vida; quer te dar a paz interior, o perdão dos pecados, a vida eterna, a salvação; e todas as outras coisas vos serão acrescentadas (Mt. 6:33).

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos (João 15:12,13)". 

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo:

Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer?

Ou com sede, e te demos de beber?

E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos?

Ou nu, e te vestimos?

E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes (Mateus 25:34-40).

- Não sejamos tão miseráveis, a ponto de não podermos ajudar ao nosso próximo!

- Não sejamos tão orgulhosos, a ponto de não aceitarmos ajuda nem de nosso próximo e nem de Deus!

Jesus está te chamando hoje; para no mínimo ser alguém; ser uma benção; ser abençoado.