29 de setembro de 2018

Jefté: O jovem que sofreu discriminação

Juizes 11:1-40


Jefté foi um dos juízes em um período caótico da história de Israel, 1380 a 1050 a. C: "Não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos" Jz 21:25. Vivia em Gileade, sendo membro da tribo de Manassés. Ele nasceu e viveu em um contexto familiar desorganizado. Sua mãe era prostituta, seu pai (Gileade) tinha muitos filhos de outros relacionamentos. A Bíblia apresenta Jefté da seguinte forma: "Era então Jefté o gileadita, valente e valoroso, porém filho de uma prostituta, mas Gileade gerará a Jefté. Também a mulher de Gileade tivera outros filhos, já grandes que expulsaram Jefté de casa dizendo: Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher" Jz 11:1-2.

A Cidade de Tobe, onde Jefté foi morar depois de ser desprezados por seus irmãos e familiares, após a morte de sua mãe, estava cheia de pessoas rejeitadas, os abandonados pela Sociedade, que viviam a margem desta. Estes são os chamados nóia de hoje, homens tragados pela droga, favelados, prostitutas, homossexuais, são os excluídos, porque acredita-se que eles não fazem parte da herança de Deus. Jefté foi rejeitado e nem seu pai interferiu.

Assim, Jefté em todo e qualquer contexto histórico, diante de sua origem e consequências familiares, seria fadado ao insucesso. Alguém lançado à marginalidade, sem pai, mãe, irmãos e sem lar. Tendo que vencer os traumas para se posicionar de forma relevante na sociedade. O que acontece a Jefté, após ser expulso de casa? "Foi habitar na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram a ele e saíam com ele" Jz 11:3. Se meteu com más companhias, mas a facilidade de adaptação ao novo lugar, demonstra que ele tinha uma incrível capacidade de liderança.

Jefté era valente, valoroso e líder. Cheio de qualidades, em um contexto de dificuldades. Quantas pessoas não se identificam com Jefté? Ele precisaria não chorar o abandono e a desgraça familiar, mas investir esforços para ser feliz, através daquilo que lhe era próprio: liderança, força, valor e muita motivação para vencer o preconceito. Sua liderança e motivação chama à atenção dos anciãos de Israel e em um momento crítico da nação, ele é lembrado e solicitado: "Volte para Gileade, venha ser conosco para combater contra os filhos de Amon, seja cabeça entre nós" Jz 11:08.

Para quem não desanima nem se entrega a má sorte, chegará esse momento de reconhecimento e vitória. O Jefté valoroso era maior que sua história natural de desamparado familiar, maior que a discriminação que sofria. Ele escolheu não passar a vida se lamentando; mas lutando. O destino empurrava Jefté para o caos, ele porém, prevalecia pela coragem e vontade de ser feliz.

Deus era com Jefté, o Espírito Santo impulsionava-o para a vitória

Juízes 11: 21, 23 e 29 "Então o Espírito do Senhor se apossou de Jefté. Este atravessou Gileade e Manassés, passou por Mispá de Gileade, e daí avançou contra os amonitas". Israel venceu a guerra e a participação dele foi decisiva, até que o nomearam juiz da nação. Deus era com Jefté, o Espírito Santo impulsionava-o para a vitória.

E Jefté, cujo nome significa "Deus abre" entra para o rol dos juízes de modo louvável. Deus de fato, abriu caminhos e deu oportunidades a esse guerreiro que soube ser diplomata e militar. Antes de partir para luta armada, ele tentou dialogar com as nações inimigas, propondo acordo ( juízes 11:12). Quem diária que alguém tratado com tanto desdém, soubesse tratar os outros de forma tão complacente, diplomata. Julgou Israel por seis anos, sendo sepultado em uma das cidades de Gileade (Jz. 12:7).

Deus tem um plano para os excluídos. Os olhos de Deus são para os rejeitados, foi por eles que Jesus veio. Jefté, quando jovem deve ter sido criado em um ambiente que servia a Deus; pois, quando precisou, acreditou no poder Deus (Jz.11:9). " Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele (Pv. 22:6"). 

Uma atitude precipitada 

Em seguida, lemos sobre um voto que Jefté fez ao SENHOR, que tem dado origem a diferentes interpretações. A tradução mais correta parece ser que, no caso do SENHOR lhe dar a vitória, Jefté promete: 

1. quem primeiro saísse da sua casa ao seu encontro, seria do SENHOR (se fosse uma pessoa);
2. ele o ofereceria em holocausto (se aparecesse um animal). 

O original hebraico permite essa tradução, que é mais coerente, pois: 
A lei de Moisés proíbe o homicídio (Êxodo 20:13). 
Também proíbe sacrifícios humanos (Levítico 18:21; 20:1-5, Deuteronômio 12:31). 

O SENHOR deu a Jefté uma vitória absoluta sobre o inimigo, não era necessário fazer nenhum tipo de voto ou promessa ao Senhor; mas, sua precipitação levou-o a fazê-lo. 

Voltando, feliz, para casa, saiu-lhe ao encontro sua filha, festejando a vitória. Ele não tinha outros filhos, e por isto ele se entristeceu muito, lembrando-se do seu voto: ele teria que dedicar esta sua única filha ao SENHOR, significando que ela não poderia casar e nem dar-lhe uma descendência. Jefté cumpriu o seu voto, embora percebendo que eliminava a possibilidade dele ter descendência, e sabendo da tristeza que causaria à sua filha. A Bíblia diz que fazer um voto diante de Deus é coisa séria: "quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras." (Ec 5:4,5).

A filha conformou-se, resignada, ao cumprimento do voto do seu pai. Era uma tragédia para ela, pois as jovens naquele tempo só se achavam realizadas quando casavam e tinham filhos, as solteironas ou mulheres sem filhos eram desprezadas. Ela nunca poderia se casar, nunca seria apresentada como noiva a algum homem, sua vida seria dedicada ao SENHOR, provavelmente como humilde serva dos sacerdotes no tabernáculo. Antes da sua dedicação, ela obteve permissão do pai para descer pelos montes por dois meses e lamentar o seu destino com as suas companheiras. É um caso inédito na Bíblia, tanto que tornou-se costume em Israel para as moças saírem todos os anos por quatro dias para celebrar a memória dessa jovem. Enquanto isso, do outro lado do rio Jordão foram convocados os guerreiros da tribo de Efraim, e atravessando o rio chegaram até Zafom, onde estava Jefté, para reclamar que não haviam sido chamados para a batalha. Os efraimitas estavam movidos por inveja, e declararam que iriam por fogo à casa de Jefté, com ele dentro. Os vitoriosos sempre distribuíam entre si o despojo do inimigo, e é óbvio que esses efraimitas estavam cobiçando o que os gileaditas haviam ganho com a sua vitória. Jefté os lembrou que a contenda era principalmente dos gileaditas, que estavam sendo ameaçados, mas que assim mesmo ele havia pedido a ajuda dos efraimitas, e eles haviam recusado. Vendo que não podia deter os efraimitas do seu propósito, Jefté agiu rapidamente: reuniu novamente o seu exército, desfechou uma batalha contra eles, e, bloqueando o seu retorno pelos vaus do rio Jordão, matou quarenta e dois mil deles, conseguindo assim outra vitória decisiva para o seu povo. Jefté provou ser um homem de fé, de palavra e de ação, apesar de ter sido desprezado e expulso pelo seu povo da sua terra por causa da sua origem. Ele confiava no SENHOR, cumpria as suas promessas, e agia com prudência mas sem hesitação. Primeiro procurava persuadir seus inimigos, o que não significava relutância em agir, mas era a fase inicial de sua ação, designada a tentar resolver os conflitos diplomaticamente, mas recorrendo em seguida à força das armas se não tivesse sucesso. Ele julgou a Israel seis anos, e foi incluído com outros heróis da fé em Hebreus 11:32. Está escrito, que “muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra”. (Sl 34.19).

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