5 de outubro de 2018

ELEIÇÃO


1 Pedro 2:9 - Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
Em IPedro 1:1-2 podemos observar para quem foi escrito a epistola – ("1 Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas"). Aos judeus que passaram a crer no sangue do cordeiro que foram dispersos por várias regiões da Ásia menor, devido à perseguição que ocorria na época promovida pelos romanos e autoridades judaicas em Jerusalém.

Quando estudamos a epístola de IPedro, temos que ter algum conhecimento das leis mosaicas para que possamos entender o verdadeiro valor dessa maravilhosa carta de vida, aos cristãos de todas as épocas.

1. Mas vós sois a geração eleita
No grego, é genos eklekton – “Povo escolhido”. A humanidade está dividida em várias raças, e muitas sentem orgulho pelos seus ancestrais e os feitos no presente. A igreja deve sua existência ao fato de Deus a ter escolhido. Isso nos remete a Deuteronômio 7:6-8: (Pois vocês são o povo escolhido pelo Senhor, nosso Deus; entre todos os povos da terra ele escolheu vocês para serem somente dele. — O Senhor Deus os amou e escolheu, não porque vocês são mais numerosos do que outros povos; de fato, vocês são menos numerosos do que qualquer outro povo. Mas o Senhor os amou e com a sua força os livrou do poder de Faraó, o rei do Egito, onde vocês eram escravos. Ele fez isso para cumprir o juramento que tinha feito aos nossos antepassados). 

Os judeus foram escolhidos por Deus para serem uma nação santa, um povo escolhido; mas quando  rejeitaram a Jesus como o messias; após a crucificação e ressurreição de Jesus, um novo povo foi escolhido; conforme João 1:11-13 (11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome, 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus). A igreja de Cristo.

2. Sacerdócio real 
O sacerdote era alguém que ocupava uma posição honrosa e de responsabi­lidade, e que estava revestido de autoridade sobre outros. O sacerdote era repre­sentante do homem perante Deus. Tinha o especial privilégio e responsabilidade de aproximar-se de Deus, e de falar e agir em favor do povo.
Aqui ainda é acrescentado algo novo a este sacerdócio: é um sacerdócio real. É real porque serve ao Rei, e assim participa da Sua natureza real. É real porque é ser­viço em prol do Reino de Deus. No livro de Apocalipse, os cristãos são apresentados como participantes da realeza de Cristo (Ap 1.6; 5.10; 20.4,6; 22.5; cf. 2Tm 2.12).

“Esses filhos do Rei não devem viver ociosamente nem exultar com a glória de sua honra. Antes, são vocacionados para o ministério pontificial (do latim, ponte, “mediador”). A missão sacerdotal de Israel na velha aliança que Deus constituiu como nação foi a de servir de ponte entre o Todo-Poderoso e as nações do mundo (Êx 19.6). Hoje, todos os que participam do sacerdócio em virtude de sua adoção na família real de Deus devem servir mediante a intercessão (a ponte da oração), mediante a evangelização (a ponte da comunicação), mediante o serviço (a ponte da realização) e mediante a demonstração do amor de Deus na prática”

3. Nação santa 
A palavra nação refere-se a um grupo de pessoas, isto é, um conjunto de pes­soas que pertencem a uma comunidade humana por falarem a mesma língua e compartilharem uma cultura e uma história comum. Na epistola aos Efésios 4:5-6, o apóstolo Paulo declarou que a igreja tem: (Há um só corpo, e um só Espírito, e uma só esperança, para a qual Deus chamou vocês. Há um só Senhor, uma só fé e um só batismo. E há somente um Deus e Pai de todos, que é o Senhor de todos, que age por meio de todos e está em todos. Porém cada um de nós recebeu um dom especial, de acordo com o que Cristo deu). Sendo assim, a igreja compartilha de muitas coisas em comum e, por isso, pode ser chamada de nação. Essa nação é “santa” porque o Deus que a escolheu é Santo. A ideia bíblica de santidade de Deus é dupla. Primeiro, Ele é absolutamente distinto de todas as Suas criaturas e exaltado sobre elas em infinita majestade (Ec 5.2); segundo, Ele não tem comunhão com o pecado (Jó 34.10; Hc 1.13; 1Jo 1.5). Desde há muito o Senhor vem dizendo ao Seu povo que Sua vontade é que ele seja santo – separado (Lv 19.1-2; 2Co 6.14-7.1; 1Ts 4.3; 1Pe 1.13-16).

4. Povo de propriedade exclusiva de Deus,  o povo adquirido
Quando é que algo nos pertence? Quando ganhamos, herdamos ou compramos esse “algo”. Certo? Seguindo essa ideia, a igreja é propriedade do Senhor porque Ele a comprou; não com ouro ou prata, mas com Seu precioso sangue (1Pe 1.18-19; 1Co 6.19-20; 7.23; Gl 3.13; 4.5; Cl 1.13-14; Ap 5.9). Cristo comprou os homens para Deus ‘da terra’ conforme Ap 14.3, de maneira que eles se tornam propriedade de Deus, livres da escravidão do pecado e da morte, do mal e do sofrimento que importunou a sua existência terrena. O preço da compra é o sangue de Cristo. O Senhor Jesus Cristo disse “edificarei a minha igreja” (Mt 16.18). Portanto, não pertencemos a nós mesmos.

5. A sua missão no mundo
"para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz".

No livro de Marcos Jesus chama seus discípulos pelo nome e os incumbe de pregar o evangelho. Mateus fala da autoridade dada aos discípulos para expulsar espíritos imundos e curar enfermos, seguindo a orientação: “Por onde forem, preguem esta mensagem: O reino de Deus está próximo” (Mt 10.1- 4, 7). Uma coisa não pode ser separada da outra; na verdade, uma leva à outra, pois as pessoas se aproximam da mensagem do evangelho assim como são -- em sua “totalidade carente”. O relato de Lucas aponta nesta direção ao dizer que Jesus, logo após chamar os discípulos, “desceu com eles e parou num lugar plano”, onde foi cercado pela multidão: “Vieram para ouvi-lo e serem curados de suas doenças. Os que eram perturbados por espíritos imundos ficaram curados” (Lc 6.18). Aqui se nota a relação entre o que Jesus faz, o que a multidão busca e o que os discípulos são chamados a vivenciar e executar. A pregação do evangelho acontece por causa do que Deus tem a oferecer, e isso vai ao encontro do que as pessoas precisam. Nós, como elas, estamos doentes, cansados, machucados. Como o próprio Jesus percebe, estamos “como ovelhas sem pastor” (Mc 6.34). É nesse universo que o evangelho irrompe como gerador de vida, e é a serviço desse evangelho que os discípulos devem estar. Nas palavras de Jesus, “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc 12.48). Na visão de Pedro, qual é a principal tarefa da igreja? “a fim de proclamardes as virtudes” – Proclamar é propagar, anunciar. A palavra tem a força adicional de declarar coisas desconhecidas. Virtudes, no grego, é arete, que significa “excelência moral”, “os feitos maravilhosos de Deus” (NTLH), “Seus atos poderosos”. “maravilhosa luz” – A palavra significa admirável, notável, aquilo que causa admiração e respeito, devido à sua grandiosidade, poder ou raridade. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12). E Ele mesmo disse a Seus discípulos: “vós sois a luz do mundo” (Mt 5.14). Portanto, não podemos ser negligentes, preguiçosos ou relutantes em proclamar atributos tão louváveis. O apóstolo Paulo não se envergonhou de anunciar o evangelho em Roma porque afirmou que ele é o poder, a salvação e a justiça de Deus para todo aquele que crê (Romanos 1.16-17).

6. Conclusão
Se você crê na salvação que há no sangue do cordeiro derramado na cruz,  IPedro 2:9 pode ser aplicado em sua vida; você foi escolhido por Deus; você é o sacerdócio real; você faz parte da nação santa; você é parte do povo adquirido com sangue; portanto, anuncie, testemunhe a palavra de Deus.

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