1 Pedro 2:9 - Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
Em IPedro 1:1-2 podemos observar para quem foi
escrito a epistola – ("1 Pedro, apóstolo de
Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e
Bitínia, 2 eleitos
segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam
multiplicadas"). Aos judeus que passaram a crer no sangue do cordeiro que
foram dispersos por várias regiões da Ásia menor, devido à perseguição que
ocorria na época promovida pelos romanos e autoridades judaicas em Jerusalém.
Quando
estudamos a epístola de IPedro, temos que ter algum conhecimento das leis
mosaicas para que possamos entender o verdadeiro valor dessa maravilhosa carta
de vida, aos cristãos de todas as épocas.
1.
Mas vós sois a geração eleita
No
grego, é genos eklekton – “Povo escolhido”. A
humanidade está dividida em várias raças, e muitas sentem orgulho pelos seus
ancestrais e os feitos no presente. A igreja deve sua existência ao fato de
Deus a ter escolhido. Isso nos remete a Deuteronômio 7:6-8: (6 Pois vocês são o povo
escolhido pelo Senhor, nosso Deus; entre todos os povos da terra ele
escolheu vocês para serem somente dele. 7 — O Senhor Deus os amou e escolheu, não
porque vocês são mais numerosos do que outros povos; de fato, vocês são menos
numerosos do que qualquer outro povo. 8 Mas o Senhor os amou e com a sua força os
livrou do poder de Faraó, o rei do Egito, onde vocês eram escravos. Ele fez
isso para cumprir o juramento que tinha feito aos nossos antepassados).
Os
judeus foram escolhidos por Deus para serem uma nação santa, um povo escolhido;
mas quando rejeitaram a Jesus como o
messias; após a crucificação e ressurreição de Jesus, um novo povo foi
escolhido; conforme João 1:11-13 (11 Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. 12 Mas
a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus:
aos que creem no seu nome, 13 os
quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão,
mas de Deus). A igreja de Cristo.
2. Sacerdócio real
O sacerdote era alguém
que ocupava uma posição honrosa e de responsabilidade, e que estava revestido
de autoridade sobre outros. O sacerdote era representante do homem perante Deus.
Tinha o especial privilégio e responsabilidade de aproximar-se de Deus, e de
falar e agir em favor do povo.
Aqui ainda é
acrescentado algo novo a este sacerdócio: é um sacerdócio real. É real porque
serve ao Rei, e assim participa da Sua natureza real. É real porque é serviço
em prol do Reino de Deus. No livro de Apocalipse, os cristãos são apresentados
como participantes da realeza de Cristo (Ap 1.6; 5.10; 20.4,6; 22.5; cf. 2Tm
2.12).
“Esses filhos do Rei
não devem viver ociosamente nem exultar com a glória de sua honra. Antes, são
vocacionados para o ministério pontificial (do latim, ponte, “mediador”). A
missão sacerdotal de Israel na velha aliança que Deus constituiu como nação foi
a de servir de ponte entre o Todo-Poderoso e as nações do mundo (Êx 19.6).
Hoje, todos os que participam do sacerdócio em virtude de sua adoção na família
real de Deus devem servir mediante a intercessão (a ponte da oração), mediante
a evangelização (a ponte da comunicação), mediante o serviço (a ponte da
realização) e mediante a demonstração do amor de Deus na prática”
3. Nação santa
A
palavra nação refere-se a um grupo de pessoas, isto é, um conjunto de pessoas
que pertencem a uma comunidade humana por falarem a mesma língua e
compartilharem uma cultura e uma história comum. Na epistola aos Efésios 4:5-6,
o apóstolo Paulo declarou que a igreja tem: (4 Há um só corpo, e um só Espírito, e uma só esperança,
para a qual Deus chamou vocês. 5 Há um só Senhor, uma só fé e um só batismo. 6 E há somente um Deus e
Pai de todos, que é o Senhor de todos, que age por meio de todos e está em
todos. 7 Porém
cada um de nós recebeu um dom especial, de acordo com o que Cristo deu). Sendo
assim, a igreja compartilha de muitas coisas em comum e, por isso, pode ser
chamada de nação. Essa nação é “santa” porque o Deus que a escolheu é Santo. A
ideia bíblica de santidade de Deus é dupla. Primeiro, Ele é absolutamente
distinto de todas as Suas criaturas e exaltado sobre elas em infinita majestade
(Ec 5.2); segundo, Ele não tem comunhão com o pecado (Jó 34.10; Hc 1.13; 1Jo
1.5). Desde há muito o Senhor vem dizendo ao Seu povo que Sua vontade é que ele
seja santo – separado (Lv 19.1-2; 2Co 6.14-7.1; 1Ts 4.3; 1Pe 1.13-16).
4.
Povo de propriedade exclusiva de Deus, o povo adquirido
Quando
é que algo nos pertence? Quando ganhamos, herdamos ou compramos esse “algo”.
Certo? Seguindo essa ideia, a igreja é propriedade do Senhor porque Ele a
comprou; não com ouro ou prata, mas com Seu precioso sangue (1Pe 1.18-19; 1Co
6.19-20; 7.23; Gl 3.13; 4.5; Cl 1.13-14; Ap 5.9). Cristo comprou os homens para
Deus ‘da terra’ conforme Ap 14.3, de maneira que eles se tornam
propriedade de Deus, livres da escravidão do pecado e da morte, do mal e do
sofrimento que importunou a sua existência terrena. O preço da compra é o
sangue de Cristo. O Senhor Jesus Cristo disse “edificarei a minha
igreja” (Mt 16.18). Portanto, não pertencemos a nós mesmos.
5. A sua missão no mundo
"para que anuncieis as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz".
No
livro de Marcos Jesus chama seus discípulos pelo nome e os incumbe de pregar o
evangelho. Mateus fala da autoridade dada aos discípulos para expulsar
espíritos imundos e curar enfermos, seguindo a orientação: “Por onde forem,
preguem esta mensagem: O reino de Deus está próximo” (Mt 10.1- 4, 7). Uma coisa
não pode ser separada da outra; na verdade, uma leva à outra, pois as pessoas
se aproximam da mensagem do evangelho assim como são -- em sua “totalidade
carente”. O relato de Lucas aponta nesta direção ao dizer que Jesus, logo após
chamar os discípulos, “desceu com eles e parou num lugar plano”, onde foi
cercado pela multidão: “Vieram para ouvi-lo e serem curados de suas doenças. Os
que eram perturbados por espíritos imundos ficaram curados” (Lc 6.18). Aqui se
nota a relação entre o que Jesus faz, o que a multidão busca e o que os
discípulos são chamados a vivenciar e executar. A pregação do evangelho
acontece por causa do que Deus tem a oferecer, e isso vai ao encontro do que as
pessoas precisam. Nós, como elas, estamos doentes, cansados, machucados. Como o
próprio Jesus percebe, estamos “como ovelhas sem pastor” (Mc 6.34). É nesse
universo que o evangelho irrompe como gerador de vida, e é a serviço desse
evangelho que os discípulos devem estar. Nas palavras de Jesus, “àquele
a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc 12.48). Na visão de
Pedro, qual é a principal tarefa da igreja? “a fim de proclamardes as
virtudes” – Proclamar é propagar, anunciar. A palavra tem a força
adicional de declarar coisas desconhecidas. Virtudes, no grego, é arete, que
significa “excelência moral”, “os feitos maravilhosos de Deus” (NTLH), “Seus
atos poderosos”. “maravilhosa luz” – A palavra significa admirável,
notável, aquilo que causa admiração e respeito, devido à sua grandiosidade,
poder ou raridade. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo
8.12). E Ele mesmo disse a Seus discípulos: “vós sois a luz do
mundo” (Mt 5.14). Portanto, não podemos ser negligentes, preguiçosos
ou relutantes em proclamar atributos tão louváveis. O apóstolo Paulo não se
envergonhou de anunciar o evangelho em Roma porque afirmou que ele é o poder, a
salvação e a justiça de Deus para todo aquele que crê (Romanos 1.16-17).
6. Conclusão
Se você crê na salvação que há no sangue do cordeiro
derramado na cruz, IPedro 2:9 pode ser
aplicado em sua vida; você foi escolhido por Deus; você é o sacerdócio real;
você faz parte da nação santa; você é parte do povo adquirido com sangue;
portanto, anuncie, testemunhe a palavra de Deus.
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